8 de fev. de 2011

CATIVOS DO SERTÃO: VIDA COTIDIANA E ESCRAVIDÃO EM CUIABÁ: 1850/1888 DE LUIZA RIOS RICCI VOLPATO

INTRODUÇÃO
A partir da documentação produzida pelos órgãos oficiais do governo que se encontram no Arquivo Público de Mato Grosso é possível levantar diversas informações a respeito do viver em Cuiabá, especialmente, no caso, dos cativos (escravos), no período de 1850 a 1888. Período esse coincide com a proibição do tráfico negreiro (1850) e a libertação dos escravos no Brasil (1888).
Busca-se resgatar informações sobre o cotidiano dos escravos e o processo de transformações vivido pela sociedade cuiabana, vincula-se ao desejo de desvendar as alterações escravistas, elucidando as alianças e os confrontos possíveis nesse universo de relações humanas.

JUSTIFICATIVA
O trabalho busca pensar o cativo como ser humano no espaço do dia-a-dia, tomando atitudes próprias do indivíduo e lutando contra a sua coisificação, buscando adentrar na intimidade das relações humanas, na tentativa de resgatar como os homens comuns, sujeitos da história, viveram e perceberam sua existência.
O estudo do cotidiano procura desvendar estas relações numa tentativa de recuperar elementos que permitam recompor as tramas e os emaranhados que caracterizam a história social.

OBJETIVOS
Os objetivos da proposta é estudar a vida cotidiana dos escravos e através dela perceber nas relações próprias do dia-a-dia sua luta e resistência diante da escravidão.

QUADRO TEÓRICO
O estudo do cotidiano dos escravos foi aberto no Brasil pelo livro de Gilberto Freyre, Casa Grande & Senzala, que busca através da análise das relações senhor/escravo comprovar a docilidade da escravidão brasileira, germe da democracia, racial imperante no país. Vários trabalhos foram elaborados pra refutar as ideias de Freyre.
O historiador norte-americano, Eugene Genovese, através do livro A terra prometida, destacou a importância do papel desempenhado pelos processos de acomodação, bem como pelos mecanismos sutis de cooptação, os quais não deixaram de existir, embora o sistema de dominação se desse pela coerção.
Tanto os estudos de Eugene Genovese como de outros historiadores brasileiros buscam trazer à luz novos esclarecimentos sobre a escravidão no Brasil, em especial numa cidade pouco populosa, distante dos grandes centros e dos principais mercados, em uma região de fronteira, com grande número de soldados e ex-soldados fazendo parte de sua camada popular.
Nesse contexto ocorre a preocupação deste estudo recuperar dados sobre a forma de vida dos cativos de uma região pobre do Brasil, que faziam parte de plantéis pequenos, podendo por esta razão ser conhecidos e identificados pelo nome, não só pelos seus senhores, mas também por outras pessoas que viviam na região, eliminando assim uma forma de camuflagem do escravo, que era o anonimato.

FONTES
A principal documentação a ser utilizada será advinda de fonte oficial, que faz parte do acervo do Arquivo Público Estadual de Mato Grosso: relatórios produzidos por diversas autoridades provinciais e correspondências trocadas entre elas. Será utilizada também textos jornalísticos, a partir da década de 1860, de periódicos locais ligados ao governo provincial.
Além da documentação do Arquivo Histórico do Cartório do 2º Ofício, cartas de liberdade do trabalho, contratos de quartamento – que permitiam ao escravo pagar sua carta de alforria parceladamente.

BIBLIOGRAFIA
VOLPATO, Luiza Rios Ricci. Cativos do Sertão: vida cotidiana e escravidão em Cuiabá: 1850/188. Editora da Universidade Federal de Mato Grosso: Cuiabá,MT, 1993.

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