27 de jan. de 2011

Relatório da apresentação sobre Epidemia e Sanitarização: O cemitério do Cai-Cai em Cuiabá(1867)

Na noite do dia 2 de dezembro de 2010 assistimos, eu e a turma do 3º ano da Faculdade de História, a apresentação final do graduando Weverton Ribeiro dos Santos, cujo título é Epidemia e Sanitarização: O cemitério do Cai-Cai em Cuiabá(1867), orientado pela prof. Ms. Marlene Menezes, cuja banca foi formada pelo prof. Ms. Heleno Braz do Nascimento, cuja tese dissertativa de mestrado foi a respeito da Lepra, e a profª. Ms. Maria Aparecida Borges de Barros Rocha, que trabalha sobre a secularização dos cemitérios em Cuiabá.
O aluno trabalhou o recorte temporal de 1867, ano do surto da varíola em Mato Grosso, utilizando como baliza a guerra do Paraguai, cujo inicio ocorreu em 1º de dezembro de 1864, conhecida como Guerra da Tríplice Aliança, que envolvia de um lado Brasil, Argentina e Uruguai e de outro o Paraguai. Segundo o aluno com a nova historiografia sobre o assunto, todos os países passam a ser igualitários, não mais vítimas e algozes. Mato Grosso, na época incluindo a região que hoje é Mato Grosso do Sul, detinha uma extensa fronteira, assim muitos matogrossenses foram voluntários nessa luta.
Com a retomada de Corumbá, hoje pertencente à Mato Grosso do Sul, voltaram os soldados para Cuiabá, levando consigo, uma doença, a varíola, que foi denominada por muitos, conforme palavras da profª. Luiza Volpatto, como Apocalipse Cuiabano.
A autores, como Moutinho, que dizem que 1/3 da população perderam a vida ou que nenhuma casa passou sem ter perdido uma única vida.
Em 08/08/1967 é inaugurado o Cemitério de Nossa Senhora do Carmo, conhecido como Cemitério do Cai-Cai, devido a região ser conhecida assim, para receber os mortos da varíola e por estar ocorrendo no Brasil a discussão sobre higienização com a retirada dos enterros da Igreja para o Cemitério, denominada de secularização. O Cemitério de Nossa Senhora da Piedade ainda era considerado um Campo Santo porque fora benzido pelos padres.
O graduando trás uma informação, que muito me chama a atenção, de que fora proibido o cortejo fúnebre e que os mortos tinham que ser enterrados rapidamente, só não citou o documento do qual extraiu tal informação. Ela vem a ser relevante para mim devido ao meu objeto de pesquisa ser justamente os ritos fúnebres e as práticas de enterramento durante a Guerra do Paraguai.
Em resposta as indagações de sua pesquisa, ele nos aponta três teses sobre a construção dos cemitérios, sendo um lugar para receber os corpos; como prática sanitarista; e, como memória dos heróis da Guerra.
O referido aluno foi aprovado e tornou-se graduado e com isso a titulação de professor e historiador.
Talvez como sugestão, por assuntos que pesquiso, ele poderia ter usado:
BASTOS, Augusto Roa et al. O livro da Guerra Grande: quatro escritores Latino-Americanos e a Guerra do Paraguai. Record, Rio de Janeiro, 2002.
CHIAVENATTO, Julio José. voluntários da pátria (e outros mitos). Global: São Paulo, 1983.
RODRIGUES, Claudia. Lugares dos mortos na cidade dos vivos: tradições e transformações fúnebres no Rio de Janeiro. Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro: Rio de Janeiro, 1997.
RODRIGUES, Claudia. Nas fronteiras do alem: a secularização da morte no Rio de Janeiro (séculos XVIII-XIX). Arquivo Nacional, Rio de Janeiro, 2005.

Resumo: O que e como ensinar: Por uma história prazerosa e conseqüente

Pinky, Jaime e Carla Bassanezi Pinky. O que e como ensinar: Por uma história prazerosa e conseqüente. In Karnal, Leandro (org). História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas. 5 ed. São Paulo: Contexto, 2007.

Para Pinky e Pinky as mudanças políticas e econômicas ocorridas no final do século XX, a difusão das novas tecnologias globais, causa perplexidade e duvidas da eficácia educacional dos livros e a utilidade dos professores como agentes de ensino e consequentemente das propostas curriculares ligadas às realidades nacional e local.
Os autores vêm com ceticismos que os alunos troquem a investigação bibliográfica por informações superficiais dos sites de pesquisa, em uma substituição do livro quando deveria ser um complemento.
Para eles o desafio é desenvolver uma prática de ensino de História adequada aos novos tempos e também a esses novos alunos, onde tenhamos um conteúdo rico, socialmente responsável e sem o professor passar por ingênuo ou nostálgico. Para Pinky e Pinsky a história é referência. É preciso, portanto, que seja bem ensinada. (Pinky, 2007, 19). E a informática e a internet facilitam a parte mecânica do trabalho de investigação.
Os autores fazem criticas ao abandono se certos conteúdos em sala de aula, em especial os conteúdos dos séculos anteriores ao século XIX, porque escrevemos poesia sublime, teatro envolvente e romances maravilhosos. Criamos deuses e categorias do pensamento complexos para compreender o que nos cerca (Pinky, 2007, 19). O aluno deve perceber-se com sujeito histórico.
E nesse ponto o papel do professor de história é o de se concientizar de sua responsabilidade social perante esses sujeitos históricos e ajudá-los a compreender e melhorar o mundo em que vivem. E para isso mais do que o livro, esse professor precisa ter conteúdo, precisa ser um assíduo leitor, pesquisador, motivador, que tome as questões sociais e culturais como referência das problemáticas humanas e trabalhe temas ligados a desigualdades sociais, raciais, sexuais, diferenças culturais, sem entretanto distorcer o acontecido.
E nesse universo despertar o interesse do aluno com demonstração na atualidade de coisas cronologicamente remotas como a situação das mulheres na Idade Média, a insatisfação dos plebeus na Roma Antiga, as aspirações ambíguas dos burgueses no século XVIII, conceitos de democracia, cidadania, práticas como a manifestação da religiosidade, reconheçam o preconceito, até mesmo o uso e abuso da história a longo do tempo como poder emanado por grupos políticos, nações e facções.
Para vencer esses novos desafios, Pinky e Pinky, sugerem o trabalho integrado entre a História social e a História das Mentalidades e do Cotidiano, onde a primeira buscaria a percepção das relações sociais a outra privilegiaria cortes temáticos. Para que o aluno possa sentir a História como algo próximo a ele.
E nesse sentido se faz necessário ao montarmos um curso a seleção de conteúdos, onde eles dão vários exemplos de abordagem de conteúdo. Entretanto eles fazem um alerta
que o abandono da diacronia, da idéia de processo, pode transformar o conhecimento histórico numa sabedoria de almanaque mal digerida, em que acontecimentos, instituições e movimentos ocorrem do nada para o nada (Pinky, 2007:35).
Os autores também afirmam que é preciso que se volte os livros, porque só após a leitura é que ilustrações computadorizadas ou filmadas podem fazer algum sentido, bem como só podemos debater idéias se antes as tivermos.


18 de jan. de 2011