22 de jul. de 2019

Falando sobre pesquisas

Costuma-se dizer que a árvore impede a visão da floresta, mas o tempo maravilhoso da pesquisa é sempre aquele em que o historiador mal começa a imaginar a visão do conjunto, enquanto a bruma que encobre os horizontes longínquos ainda não se dissipou totalmente, enquanto ainda não tomou muita distância do detalhe dos documentos brutos, e estes ainda conservam o frescor.
Seu maior mérito talvez seja menos defender uma tese do que comunicar aos leitores a alegria de sua descoberta, torná-los sensíveis - como ele próprio o foi - às cores e aos odores das coisas desconhecidas. 
                            Philippe Ariès

20 de jul. de 2019

A história em minhas mãos

Tenho o infinito na cabeça
O passado nas costas,
O presente nos ombros,
E a história em minhas mãos.

Tenho em branco as folhas do futuro,
Preencho as folhas do presente,
Rabisco e sublinho as do passado,
E arquivo as que merecem ser história.

De todas elas porém,
Preocupam-me as do presente,
Porque se não souber usar delas,
Com critério e maturidade,
Acaberei rabiscando antes do tempo
As folhas do futuro,
E,
Em lá chegando,
Podem ser que me faltem as folhas
De que eu terei necessidade!

A história que tenho em mãos não é elástica.
Não posso, pois, desperdiçá-la
Não tenho o direito de economizá-la.
Não posso cair no ridículo de ser mesquinho,
E não devo ser pródigo demais.

Estou escrevendo a minha História.
E espero que este capítulo sirva para as gerações
Que um dia precisarem sublinhar
Alguma lição do passado.
É o que penso da vida!

José Fernandes de Oliveira