José Carlos Reis, em seu livro As Identidades do Brasil: de Varnhagen a FHC ressalta a importância e a contribuição de cada historiador e pensador social na descoberta e na formação das identidades do Brasil, analisadas dentro do tempo em que suas idéias foram concebidas, contribuindo para apertar os laços com uma tradição rica porém relegada em favor da cultura up to date. São esses historiadores que traçaram, ou melhor seria dizer que inventaram, as identidades do Brasil e consequentemente orientaram os brasileiros em suas opções de auto identificação e auto representação.
O tempo, de aula, não nos foi suficiente para refazer os 120 anos abordados por Reis em As Identidades do Brasil, a viagem teve que ser um pouco mais curta e a apreciação ficou por conta dos: Anos 1850: Varnhagen: O elogio da colonização portuguesa; Anos 1930: Gilberto Freyre: O relógio da colonização portuguesa; Anos 1900: Capistrano de Abreu: O surgimento de um povo novo: o brasileiro; e, Anos 1930: Sérgio Buarque de Holanda: A superação das raízes ibéricas.
Varnhagen e Gilberto Freyre trabalham na identificação das forças que reproduziram e renovaram a dependência com os descobridores (portugueses), já Capistrano de Abreu e Sérgio Buarque de Holanda trabalharam as forças que produziram a autonomia e a emancipação brasileira. Duas correntes de pensamento, uma positivista e outra marxista, nos permite ressaltar a complexidade historiográfica brasileira ao mesmo tempo que nos ajudam a ver uma sociedade colonial numa perspectiva ampla através de objetos, fatos e fontes.
No período de independência política o imperador precisava muito da história e dos historiadores e assim criou o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro – IHGB em 1838/39, que até 1931/33 foi o único centro de estudos históricos do Brasil. Essa necessidade era advinda da necessidade de legitimar o poder. Era preciso 'dar' um passado a nação independente no qual era pudesse orgulhar-se e ter confiança para avançar no futuro. Nesse processo tornou preciso encontrar referências luso-brasileiras para tornar-se modelos para as futuras gerações. (Reis, 2001:25).
Desse modo o IHGB teria a tarefa de, segundo Reis, situar as cidades, relevos, hidrografias, fauna e flora, riquezas minerais, céu, clima, além dos limites do território, na área geográfica e na área histórica, eternizar fatos memoráveis da pátria e salvar do esquecimento os nomes dos seus melhores filhos, através de publicações, estudos e relacionamento com outras instituições congêneres. (Reis, 2001:26).
Em seu livro As identidades do Brasil de Varnhagen a FHC, Reis afirma que a proposta de síntese da história do Brasil não foi realizada, contudo, por Karl Philipp von Martius, botânico e viajante alemão, vencedor do prêmio estabelecido em 1840, pelo IHGB, para quem elaborasse o melhor plano para a escrita da história do Brasil, com a monografia Como se deve escrever a história do Brasil, publicada na Revista do IHGB, em 1845. Em linhas gerais von Martius escreveu que a identidade brasileira deveria ser buscada na mescla de raças, onde o português foi o conquistador e senhor, o inventor e motor e aventureiro; os indígenas também foi dado ênfase; ao negro, foi breve, deixada a dúvida se o Brasil “teria tido um desenvolvimento diferente sem a introdução dos negros escravos?”. Após von Martius todas as respostas foram negativas até a publicação de Casa grande & Senzala, de Gilberto Freyre em 1933 (Reis, 2001:27).
Voltando em Von Martius e em Como se deve escrever a história do Brasil, onde ele considera que o historiador do Brasil deveria fazer uma história da unidade brasileira, centralizada no Imperador, enfatizando a unidade em todos os aspectos – usos e costumes, climas, atividades econômicas entre outras. Ele também propõe que se faça histórias regionais centralizadas. E para auxiliar nesse processo era primordial viajar pelo Brasil, conhecer as províncias assim “seu texto deverá ser patriótico, despertando o amor ao Brasil”. Mas diante da enormidade do trabalho Von Martius não levou seu projeto adiante, essa tarefa coube a Francisco Adolfo de Varnhagen (Reis, 2001:28).
Varnhagen é Filho de engenheiro alemão e mãe portuguesa, Varnhagen (1816 - 1878) foi para Portugal ainda criança. Ao regressar para o Brasil, e com a coroação de Dom Pedro II, adotou a nacionalidade brasileira. Segundo Reis, Varnhagen é considerado o “Heródoto brasileiro” e nessa condição o fundador da história do Brasil, com o livro História geral do Brasil de 1850, onde refletia uma preocupação com a documentação sobre o passado brasileiro (Reis, 2001:23).
Varnhagen por frequentar os arquivos dos lugares que passava foi o iniciador da pesquisa metódica e nos arquivos estrangeiros encontrou e elaborou inúmeros documentos relativos ao Brasil. Por viver muito tempo no exterior se empenhou com obstinação na escrita da história do Brasil, mas quanto à sua formação historiográfica, teria sido mais um autodidata. (Reis, 2001:24).
Desse modo o IHGB teria a tarefa de, segundo Reis, situar as cidades, relevos, hidrografias, fauna e flora, riquezas minerais, céu, clima, além dos limites do território, na área geográfica e na área histórica, eternizar fatos memoráveis da pátria e salvar do esquecimento os nomes dos seus melhores filhos, através de publicações, estudos e relacionamento com outras instituições congêneres. (Reis, 2001:26).
Em seu livro As identidades do Brasil de Varnhagen a FHC, Reis afirma que a proposta de síntese da história do Brasil não foi realizada, contudo, por Karl Philipp von Martius, botânico e viajante alemão, vencedor do prêmio estabelecido em 1840, pelo IHGB, para quem elaborasse o melhor plano para a escrita da história do Brasil, com a monografia Como se deve escrever a história do Brasil, publicada na Revista do IHGB, em 1845. Em linhas gerais von Martius escreveu que a identidade brasileira deveria ser buscada na mescla de raças, onde o português foi o conquistador e senhor, o inventor e motor e aventureiro; os indígenas também foi dado ênfase; ao negro, foi breve, deixada a dúvida se o Brasil “teria tido um desenvolvimento diferente sem a introdução dos negros escravos?”. Após von Martius todas as respostas foram negativas até a publicação de Casa grande & Senzala, de Gilberto Freyre em 1933 (Reis, 2001:27).
Voltando em Von Martius e em Como se deve escrever a história do Brasil, onde ele considera que o historiador do Brasil deveria fazer uma história da unidade brasileira, centralizada no Imperador, enfatizando a unidade em todos os aspectos – usos e costumes, climas, atividades econômicas entre outras. Ele também propõe que se faça histórias regionais centralizadas. E para auxiliar nesse processo era primordial viajar pelo Brasil, conhecer as províncias assim “seu texto deverá ser patriótico, despertando o amor ao Brasil”. Mas diante da enormidade do trabalho Von Martius não levou seu projeto adiante, essa tarefa coube a Francisco Adolfo de Varnhagen (Reis, 2001:28).
Varnhagen é Filho de engenheiro alemão e mãe portuguesa, Varnhagen (1816 - 1878) foi para Portugal ainda criança. Ao regressar para o Brasil, e com a coroação de Dom Pedro II, adotou a nacionalidade brasileira. Segundo Reis, Varnhagen é considerado o “Heródoto brasileiro” e nessa condição o fundador da história do Brasil, com o livro História geral do Brasil de 1850, onde refletia uma preocupação com a documentação sobre o passado brasileiro (Reis, 2001:23).
Varnhagen por frequentar os arquivos dos lugares que passava foi o iniciador da pesquisa metódica e nos arquivos estrangeiros encontrou e elaborou inúmeros documentos relativos ao Brasil. Por viver muito tempo no exterior se empenhou com obstinação na escrita da história do Brasil, mas quanto à sua formação historiográfica, teria sido mais um autodidata. (Reis, 2001:24).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
REIS, José Carlos. Anos 1850: Varnhagen. O elogio da colonização portuguesa. In: REIS, José Carlos. As identidades do Brasil: de Varnhagen à FHC. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2001. p. 22-50.
REIS, José Carlos. Anos 1930: Gilberto Freyre. O relógio da colonização portuguesa. In: REIS, José Carlos. As identidades do Brasil: de Varnhagen à FHC. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2001. p. 51-82.
REIS, José Carlos. Anos 11900: Capistrano de Abreu. O surgimento de um povo novo: o brasileiro. In: REIS, José Carlos. "As identidades do Brasil: de Varnhagen à FHC". Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2007. p. 85-114.
REIS, José Carlos. Anos 1930: Sérgio Buarque de Holanda. A Superação das raízes ibéricas. In: REIS, José Carlos. As identidades do Brasil: de Varnhagen à FHC. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2007. p. 115-143.
2 comentários:
Esse é um livro muito importante para a contextualização da construção da historiografia brasileira!
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