19 de ago. de 2008

Nome de Familia

“Toda a história do Brasil não é senão a história do povoamento e ocupação de um grande território semideserto”. Caio Prado Jr.

Durante o período Colonial e Império, o estabelecimento dos registros de batizados, casamentos e óbitos eram de competência exclusiva da Igreja. Com a Proclamação da República (15 de novembro de 1889) e a promulgação da primeira Constituição Republicana (24 de fevereiro de 1891), a história dos registros civis é inaugurada no Brasil. Após esta data e,particularmente, com a regulamentação feita pelo Código Civil Brasileiro (Lei Nº 3.071 de 1º de janeiro de 1916), somente os registros civis passavam a ter força de lei e só então começam a ser reconhecidos pelo Estado.Ver sobre este assunto a Constituição da República do Brasil (1891), art. 72, §4º; igualmente o Código Civil Brasileiro, particularmente os arts. 12, 195 e 202.
Os registros para a Paróquia da Sé de São Paulo estão conservados nos Arquivos Paroquiais (Arquivo da Cúria Metropolitana de São Paulo).
Desde sua origem, o conjunto dos registros compõe-se de duas coleções de cadernos, correspondentes às condições sociais do Brasil de então: Livres e Escravos. Cada coleção, por sua vez é composta de três categorias de registros: batismos, casamentos e sepulturas.
Batismos – o primeiro caderno referente à crianças livres remonta ao ano de 1640.
Casamentos – o mais antigo registro de casamento está datado de 1632. Trata-se de um registro de casamento de livre.
Sepulturas – O primeiro registro de óbito trata de 1731, os de escravo só apartir de 1853.
Exemplo:
Batismo
“Pedro. Aos sete dias do mês de Julho de mil setecentos e trinta e sete annos bautisei e pus os santos óleos nesta Igreja Matriz a Pedro filho legitimo de Mathias Leme e de sua mulher Maria de Siqueyra: foram padrinhos Joseph de Moraes solteyro, e Thereza de ... solteyra filha de Sebastião do Prado ... ambos moradores nesta freguezia de que fiz assento em que me assyney” Matheus de Souza de Carvalho. Registro de Batismo, Livro de 1700-1784, fl. 330.
Casamento
“Antonio de Oliveira Bernardo
Maria Pires Moreira
Aos dous dias do mês de Mayo de mil setecentos e cincoenta e dous annos dadas as três Cannonicas denunciações na forma do Concílio e não resultando impedimento com provizão do Excelentissimo e Reverendíssimo Senhor Bispo deste Bispado se recebeo na Capella de Carapicuyba na presença do Reverendo Reytor do Collegio desta cidade Marcos de Távora com minha licença em face da Igreja por palavras de presente Antonio de Oliveira Bernardo filho de Raphael de Oliveira Leme e de sua mulher Bárbara Garcia de Lima Netto por parte Paterna de Raphael de Oliveira D’Orta e de sua mulher Maria Leme e por parte Materna de Manoel Garcia Bernardo e de sua mulher Maria de Abreu naturias da freguezia do Parnahiba, com Anna Pires Moreira filha de Joseph Manoel e de sua mulher Gertrudes Pedrosa de Barros netta por parte Paterna de Hieronimo Pedroso de Barros e de sua mulher Anna Pires Moreira naturaes desta freguezia nem sabe a naturalidade deste sendo testemulhas Antonio Ribeiro Serqueira, solteiro e Francisco Correa de Lemos cazado ambos desta freguezia e logo receberão a benção conforme as cerimônias da Igreja, de que fiz este assento que com as testemunhas assinei.
Manoel Joseph
Antonio Ribeiro Serqueira
Francisco Correia Lemos”. Registro de Casamento. Livro de 1632-1767, fl. 154.
Óbito:
“Rosa de Lima
Aos vinte e cinco dias do mês de Junho de mil e setecentos e sincoeta e nove annos faleceo da vida presente Rosa de Lima natural desta cidade que foy cazada com Antonio de Souza e não fez testamento e recebeo todos sacramentos foy amortalhada no habito do Carmo e sepultada na sua Igreja de que fez este termo que assigney.
O coadjutor Ignácio Rodrigues Barbosa”. Registro de óbito. Livro 1757-1777, fl.40.

Nome de Família
Em virtude de um costume português transferido para o Brasil colonial, os nomes de famílias dos pais não eram, necessariamente, aqueles de seus filhos. Por outro lado a mulher casada não adotava nunca o nome ou os nomes de famílias de seu marido.Os filhos de uma mesma família tinham, em regra geral, sobrenomes que variavam enormemente, ora do pai ora da mãe ou ainda dos quatro avós.
Exemplo:
Registro de 17/11/1772
Esposo: Pedro de MORAES DE CAMARGO
Filiação: Manoel MORAES PIRES
Rita Maria CAMARGO
Avós paternos: José de MORAES PIRES
Isabel GONÇALVES PAES
Avós maternos: Belquior CUNHA
Isabel CAMARGO ARZÃO

Esposa: Escolástica VIEIRA GONÇALVES
Filiação: Francisco Xavier GONÇALVES
Josefa OLIVEIRA GUEDES
Avós paternos: Luis GONÇALVES PALMELA
Agueda VIEIRA ANTUNES
Avós maternos: José PINTO GUEDES
Thimotea OLIVEIRA LEITÃO
Livro de Casamento de 1768-1782, fl. 60

Esposo: Ignácio LOPES DE CAMARGO
Filiação: Jose de CAMARGO PIRES
Maria PAES DE ALMEIDA
Avós paternos: Miguel de CAMARGO
Maria PIRES
Avós maternos: Ignácio LOPES MUNHOZ
Maria CARDOSO DE ALMEIDA

Esposa: Maria, MUNHOZ PONTES
Filiação: Salvador MUNHOZ PAES
Leonor RODRIGUES DE PONTES
Avós paternos: Antonio de SIQUEIRA PAES
Ana de LIMA
Avós maternos: Antonio RODRIGUES DE OLIVEIRA
Maria PONTES
Livro de Casamento de 1768-1782, fl. 108

Há ainda o costume de dar aos filhos um nome que designava festas religiosas como: Purificação, Anunciação, Natividade, Conceição, Nascimento de Jesus, Assumpção, Ascenção, etc.
Exemplo:
Maria do NASCIMENTO DE JESUS – filha de Sebastião PRADO CORTES e de Máxima de MARIS
Gertrudes Maria Pereira da PURIFICAÇÃO – filha de Salvador PIRES MONTEIRO e Ana BICUDA DA LUZ
Gertrudes Maria de CONCEIÇÃO – filha de Manoel VAZ DA CUNHA e de Maria de SIQUEIRA SOARES
Maria da PAIXÃO – filha ilegítima de Ana do CANTO
Trechos do livro A Cidade de São Paulo: Povoamento e População, 1750-1850, com base nos registros paroquiais e nos recenseamentos antigos; Maria Luiza Marcilio. São Paulo, Pioneira, Ed. Da Universidade de São Paulo, 1973.

17 de ago. de 2008

Um torrão ou dois?


O café já era conhecido dos povos árabes e etíopes há muito tempo e sempre foi cercado de lendas e misticismo. Até que o Papa Clemente VIII declarou que o cafezinho, uma bebida tão deliciosa, não poderia ser obra senão de Deus. Dito isso, benzeu-a e tornou-a oficialmente uma bebida cristã.
Nativo dos planaltos da Etiópia, da região de Kafta (outra origem para o nome) era usado como alimento, em uma espécie de paçoca feita com as frutas, sementes e gordura animal.
Mais tarde, essa planta, atravessaria oceanos e encontraria seu lar em certo país ainda por ser descoberto: Brasil.
País que teve sua história, em grande parte, alterada pelo cultivo dessa fruta, e a vida de muita gente nascida fora do Brasil também.
O cultivo intensivo e econômico começou no Rio de Janeiro, no final do século XVIII, sendo deslocado em direção à Província de São Paulo, através da derrubada da mata virgem, a limpa e preparação do terreno, o plantio do café e a formação dos arbustos, dali a 4 a 6 anos. Durante esse deslocamento do café pelo Vale do Paraíba para a região Central, deu-se o fim do tráfico de escravos. Começaram as primeiras tentativas de substituições dos escravos por trabalhadores imigrantes, dentro das próprias fazendas.
O slogan que orientava a política de imigração para São Paulo era: “Braços para a Lavoura”.
Em dezembro de 1881, a Assembléia Provincial de São Paulo, planejou a construção de uma hospedaria para receber os imigrantes, o serviço ficou encarregado por Nicolau de Souza Queiroz, que adquiriu um prédio no bairro do Bom Retiro, em março de 1885, após um aporte de 100.000 mil-réis para a construção de uma nova hospedaria, começa o projeto da Hospedaria dos Imigrantes, finalizado em 1888, com capacidade para 4 mil pessoas.
Martinho Prado Júnior e seu irmão, Antônio, foram os primeiros a experimentar o trabalho livre europeu no início da década de 1870.
Na Fazenda Ibicaba, Limieira-SP, teve início um experimento de colonização conduzido pelo senador Nicolau Vergueiro, senador do Império. Entretanto o tratamento que os colonos suíços receberam na sua fazenda provocou uma revolta sob a liderança de um mestre-escola chamado Thomas Davatz.
Após o incidente, o governo tentou resolver a questão da imigração por meio do desenvolvimento de um programa de colonização oficial. Em 1877 assentou centenas de imigrantes italianos em quatro núcleos coloniais nos arredores de São Paulo. Esse regime ficou conhecido como colonato, que deriva dos primeiros planos para substituir os escravos através de programas de colonização, assim os imigrantes passaram a ser conhecidos como colonos, com a diferença que ele passa a trabalhar para o fazendeiro e vive na colônia da fazenda.
O colono e sua família eram responsáveis por manter limpas as ruas do cafezal, remover as ervas daninhas e preparar o lugar para a derriça das cerejas.

Sobre Historia


Palestra de Eric Hobsbaw para jovens formandos:
(Trechos extraídos do seu livro “Sobre História”, 344 páginas, pela editora Companhia das Letras.)

Como estudantes desta Universidade, vocês são pessoas privilegiadas, mas quero lembrar a vocês que, como disse meu próprio professor, ‘as pessoas em função das quais você está lá não são estudantes brilhantes como você. São estudantes comuns com opiniões maçantes, que obtêm graus medíocres na faixa inferior das notas baixas, e cujas respostas são quase iguais’.
As pessoas procurarão alguém a quem atribuir a culpa por seus fracassos e inseguranças.
Como exemplo, as populações da Europa Centra e Oriental continuarão a viver em paises decepcionados com o passado, provavelmente decepcionados em grande parte com o presente, e incertos quanto ao futuro. Quem tende a se beneficiar com esse clima são os movimentos inspirados pelo nacionalismo xenófobo e pela intolerância. Por ser sempre mais fácil culpar os de fora. Não tendo um passado é mais fácil inventa-lo, porque o passado fornece um pano de fundo mais glorioso a um presente que não tem muito que comemorar.
Nessa situação os historiadores se vêm no inesperado papel de atores políticos. A profissão de historiador pode produzir danos, por termos responsabilidade pelos fatos históricos em geral e pela critica do abuso político-ideológico da historia em particular. Não podemos inventar os fatos. O abuso ideológico mais comum da história baseia-se antes em anacronismo que em mentiras.
Mito e invenção são essenciais à política de identidade pela qual, grupos de pessoas, ao definirem hoje por etnia, religião ou fronteiras nacionais passadas ou presentes, tentam encontrar alguma certeza em um mundo incerto e instável, dizendo: ‘somos diferentes e melhores do que os outros’.
História não é memória ancestral ou tradição coletiva. É o que as pessoas aprenderam de padres, professores, autores de livros de história e compiladores de artigo para revistas e programas de televisão.
É muito importante que os historiadores se lembrem de sua responsabilidade: insentar-se das paixões de identidade política.
O surgimento de uma nova geração que pode se distanciar das paixões dos grandes momentos traumáticos e formativos da historia de seus paises é um sinal de esperança para os historiadores.
O sentido do passado como uma continuidade coletiva de experiência, mantém-se surpreendentemente importante, mesmo para aqueles mais concentrados na inovação e não na crença de que novidade é igual à melhoria.
No caso da genealogia, busca sustentar uma auto-estima incerta. Os novos burgueses buscam pedigrees, as novas nações ou movimentos anexam as suas historia exemplos de grandeza e a realização passadas na razão direta do que sentem estar faltando dessas coisas em seu passado real – quer esse sentimento seja ou não justificado.
O passado dos eventos não é tido necessariamente como dotados de existência simultânea. No momento que o tempo real é introduzido nesse passado ele se transforma em alguma outra coisa. Para certos objetivos a cronologia histórica, na forma de genealogia e crônicas, é importante em muitas sociedades letradas, ou mesmo iletradas, recorrendo à transmissão oral.
O historiador, ainda que interessado por sua relação com o presente, o que importa é a diferença. A historia, unidade do passado, presente e futuro, pode ser algo universalmente aprendido, por deficiente que seja a capacidade humana de evoca-la e registra-la, em algum tipo de cronologia.
A postura que adotamos com respeito ao passado, quais as relações entre passado, presente e futuro não são apenas questões de interesse vital para todos, são indispensáveis. É inevitável que nos situemos no continuum de nossa própria existência, da família e do grupo que pertencemos. É inevitável fazer comparações entre o passado e o presente: é essa a finalidade dos álbuns de fotos de família ou filmes domésticos. Não podemos deixar de aprender com isso, pois é o que a experiência significa. Podemos aprender coisas erradas, mas se não aprendemos, ou não temos nenhuma oportunidade de aprender, ou nos recusarmos a aprender de algum passado algo que é relevante ao nosso propósito, somos mentalmente anormais.
Os historiadores são o banco de memória da experiência. Teoricamente, o passado constitui a historia, e a medida em que se compilam e constituem a memória coletiva do passado, as pessoas na sociedade contemporâneas têm de confiar neles, não sendo servos dos ideólogos.
É evidente que o presente não é, nem pode ser, uma cópia carbono do passado; tampouco pode toma-lo como modelo em nenhum sentido operacional.
A historiografia tradicionalmente se desenvolveu a partir do registro de vidas e eventos específicos e irrepetíveis. O que ela pode fazer é descobrir os padrões e mecanismos da mudança histórica em geral, e mais particularmente das transformações das sociedades humanas durante os últimos séculos de mudanças aceleradas e abrangentes.
É tarefa dos historiadores saber consideravelmente mais sobre o passado do que as outras pessoas, e não podem ser bons historiadores a menos que tenham aprendido, com ou sem teoria, a reconhecer semelhança e diferenças.

10 de ago. de 2008

7 de ago. de 2008

Nota di Protesta

Brava Gente è un gruppo di 600 persone tra cui cittadini italiani, italiani nati e brasiliani discendenti di italiani, localizzati in tutto il Brasile ed anche in altre parti del mondo. Ci piace scambiare idee via internet su vari argomenti che riguardano l'Italia, tra cui: storia, arte, sport, politica, culinaria, genealogia. Inoltre aiutiamo chi ce lo chiede a ricostruire la sua storia familiare, cioè rintracciare i documenti dei suoi familiari arrivati qui in Brasile oltre 100 anni fa!
Con questo manifesto vorremmo informar La riguardo alla precarietà dei servizi consolari, che ci fanno sentire cittadini di seconda categoria.





Noi, del Gruppo Brava Gente, che aggrega italiani e loro discendenti in tutto il Brasile, veniamo a PROTESTARE pubblicamente contro la cattiva assistenza prestata dai Consolati italiani in Brasile ai propri connazionali. RIGETTIAMO con veemenza gli atteggiamenti dei loro funzionari di ogni livello, dai custodi e portieri fino ai gradi più alti, i quali ignorano, o fingono di ignorare, il comportamento arrogante, prepotente ed incivile dei loro subordinati. Con tali comportamenti, le persone sono umiliate, avvilite, discriminate e spesso non riescono ad ottenere una semplice informazione, né di persona, a causa delle insopportabili file di attesa, né per telefono, perché i telefoni sono generalmente occupati, o non rispondono, oppure, quando rispondono, l’assistenza è inadeguata. Oltre a questo, non si riesce a fare prenotazione nei siti informatici, perché i form non funzionano.


DENUNCIAMOl’evidente comportamento discriminatorio del Consolato di Rio de Janeiro il quale, in maniera arbitraria, limita l’emissione di passaporti SOLAMENTE NEL CASO DI CITTADINI ITALO-BRASILIANI, in conformità al comunicato di cui alla pagina principale del suo sito. SOLLECITIAMO che siano date trasparenza ai servizi prestati e chiare informazioni sull’andamento delle richieste di cittadinanza, facendo pubblicare una lista aggiornata nei siti. Finalmente e soprattutto, da italiani quali siamo, ESIGIAMO che la nostra patria Italia sia rappresentata con tutta la dignità che essa merita.


www.it.groups.yahoo/group/bravagente/
http://www.bravagentebrasil.com.br/



Nós, do Grupo Brava Gente, que agrega italianos e seus descendentes em todo o Brasil, vimos a público PROTESTAR contra o mau atendimento prestado pelos consulados italianos no Brasil aos seus compatriotas. REPUDIAMOS veementemente as atitudes de seus funcionários em todos os níveis, de guardas e porteiros até os mais altos escalões, que ignoram, ou fingem ignorar, o comportamento arrogante, prepotente e incivil de seus subordinados. Nessas representações, pessoas são humilhadas, aviltadas, discriminadas e frequentemente não conseguem obter uma simples informação, nem pessoalmente, por causa das filas indignas, nem por telefone, porque esses geralmente estão ocupados, ou não respondem ou, quando respondem, o atendimento é inadequado. Além disso, não se conseguem fazer agendamentos nos sites, porque os formulários não funcionam. DENUNCIAMOS o evidente comportamento discriminatório do consulado do Rio de Janeiro que, de maneira arbitrária, limita a emissão de passaportes SOMENTE NO CASO DE CIDADÃOS ÍTALO-BRASILEIROS, conforme comunicado na página principal de seu site. SOLICITAMOS que sejam dadas transparência aos serviços prestados e informações claras sobre o andamento dos requerimentos de cidadania, fazendo-se publicar uma lista atualizada nos sites. Finalmente e sobretudo, como italianos que somos, EXIGIMOS que a nossa pátria Itália seja representada com a dignidade que merece.




www.it.groups.yahoo/group/bravagente/
http://www.bravagentebrasil.com.br/