10 de jun. de 2012

Notícias Práticas de João Antônio Cabral Camello

CABRAL CAMELLO, João Antônio. "Notícias Práticas". In: TAUNAY, Afonso de E. Relatos Monçoeiros. São Paulo, Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo, s/d, p. 114-123.

O capitão João Antonio Cabral Camello relata ao Rev. pe. Diogo Soares a viagem que fez às minas do Cuiabá no ano de 1727. Em seu relato diz que saiu do porto de Sorocaba juntamente com vinte canoas, além de três das suas, dessas vinte três chegaram só quatorze ao Cuiabá, sendo  apenas uma de propriedade del.
Por ser uma notícia prática, Camello vai descrevendo todo o percurso percorrido através dos rios, sendo que em cada um deles há certa particularidade, em uns tem mais itaypavas, pequenas corredeiras, em outros tem jurumirim, boca pequena, podemos ainda definir como canal estreito, há ainda os jupiá, canal estreito cercado de pedraria, roças podem ser avistadas bem como alguma vacaria, campos dilatadíssimos cheios de inumerável gado, existem trechos que é necessário atravesasar um varadouro, lugar baixo de pouca água, à eira-mar ou à margem de um rio, onde se varam embarcaões, outros onde encontram canavial e bananal, trechos onde os gentios poderão atacar, o pantanal, vargens muito dilatadas, apontam onde poderão ser encontrados caça ou até memso água-pés, eravas, sangradouros, canal natural que comunica duas lagoas, um rio e uma lagoa, ou dois rios, até chegarem ao Rio Cuiabá e a sua povoação.
No decorrer de toda notícia prática há um trecho que o autor nos pede licença e relata o incidente ocorrido no Rio Taquari que envolve a missão moçoeira que se encontrava o ouvidor Antonio Lanhas Peixoto, morto pelo gentio Payaguá, bem como o relato da vingaça dos cuiabanos.
Camello ainda faz desfilar pelos nossos olhos uma finitude de personagens animados e inanimados, apresentando-os personagens de acordo com o andamento do relato, o rev. bpe. Diogo Juares, para quem é escrito o relato; os rios (Tietê, Grande, Pardo, Camapuã, Taquari, Paraguay-Merim, Parguay-Assú, Porrudos, Cuiabá, Quexipó), com cachoeiras, itaipavas, salto, pantanal, áuga-pés, onde se gastavam muitos dias para vencer suas águas; os gentios de diversas etnias, Cayapó, Guaycyrús, Paiaguás, Parassise e Maybores, Araparez e Caiparez, bororó9s; criação, vacarias, galinhas, porcos, cabaras; roças, milho, feijão, mandioca, bananal, canavial, melancia, melões, batatas e fumo; pessoas, roceiros, o ouvidor Antonio Lanhas Peixoto, general Rodrigo Cezar de Menezes, Antonio de Almeida Lara, capitão Miguel Antunes Maciel e o capitão Lobo, Miguel Sotil, cuiabanos; vilarejos, Forfillas (sic), Conceiçaõ, Jacey, Cocaes, geraes do Cuiabá, Ribeirão, São Paulo, Sorocaba.
O relato nos mostra a realidade do dia a dia dos moçoeiros no enfrentamento da natureza, com as curvas sinuosas e periogas do rio e até com perigos inerentes a ele, como os gentios, os moquitos, as doenças. É um relato a ser seguido por outrsos que vieram após Camello, sem o colorido do objeto da profª Yvette Sánchez, que nos aprsenta um rio que inspira e tem valores simbólicos,metafórios e alegóricos, ritmo e poesia, cheio de energia e vigor.
O que pudemos observar na narrativa moçoeira é a praticidade do seu relato, curva a curva, sangradouro a sangradouro, varadouros, cachoeiras, itaypavas,perigos do rio e do homem na figura dos gentios, os dados da sua saída e da sua chegada.

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