21 de jul. de 2009

Análise do filme Walk like a Man (Um lobo na família) sobre aspectos da Psicologia da Educação

Trabalho realizado para a conclusão parcial da disciplina de Psicologia da Educação, da graduação em bacharelado e licenciatura em História, ministrada pela profª. Daniela Piloni.
Apresentação

O presente trabalho tem por objetivo uma analise do filme Walk like a man (um lobo na família), de Melvin Frank, estrelado por Howie Mandel como Bobbo, a criança que foi criada por selvagens, que apesar de ser uma comédia apresenta vários aspectos da psicologia da educação.


Ficha Técnica

Título Original : Walt Like a Man
Gênero : Comédia
Tempo de Duração : 86 minutos
Ano de Lançamento : 1987
Direção : Melvin Frank
Produção : Leonard C Kroll
Música : Lee Holdridge
Elenco:
Howie Mandel – Bobbo Shand
Christopher Lloyd – Reggie Shand / Henry Shand
Cloris Leachman – Margaret Shand
Colleen Camp – Rhonda Shand
Amy Steel – Penny
Stephen Elliott – Walter Welmont
George DiCenzo – Bob (Bub) Downs
John Mc Liam – H. P. Truman
Earl Boen – Jack Mollins
Howard Platt – Fred Land
Millie Slavin – Essie Welmont
William Bogert – A.J. (Al) Brown
Isabel Cooley – Judge/Bystander
Asa Lorre – Bobby Shand
Jeremy Gosch – Young Reggie

Sinopse

Um bebê se separou de sua família durante uma excursão, após ter sido empurrado pelo seu irmão e levado e criado pelos lobos. Após 25 anos é descoberto por Penny, ousada cientista, que intrigada, leva o de volta para civilização e tenta ensinar Bobo, como ela o chama, a reajustar à vida, descobre então que Bobo é o herdeiro de US$30 milhões.
Enquanto a mãe está cheia de alegria em vê-lo novamente, Henry está mais preocupado com a perda de parte da herança que lhe caberia caso Bobo não tivesse sido encontrado.
Com os avanços de Penny com Bobo, que inicialmente o comportamento é de um animal silvestre, passa a tomar ares de civilizado e assim poder reivindicar sua fortuna, Henry tem que agir e faz tudo para manter Bobo selvagem.


Análise

Desde 1789 registram-se vários casos de meninos selvagens, que podem ser divididos em três categorias: os meninos abandonados e criados pelos seus próprios meios; os meninos criados por animais e, por último os meninos encerrados, que não tiveram qualquer contacto com os humanos.
A relatos de crianças que foram adotadas e/ou cresceram em meio a ursos, lobos ou macacos, e foram capazes de assimilar posturas e expressões que os diferenciavam do homo sapiens.
Temos os casos reais relatados de: Victor de Aveyron, achado na selva de Aveyron; a menina de Kranenburg que foi achada na floresta próxima de Overyssel, Alemanha; Peter, o selvagem capturado em Helpensen, Hanover; a garota de Champagne, encontrada em uma arvore em Songi-Chal, Champagne, França; Mennie lê Blanc; Kaspar Houser; Genie.
As historias de crianças criados por lobo começa com o mito da fundação de Roma, uma vez que os fundadores Rômulo e Remo, teriam sido abandonados ainda bebês e amamentados por uma loba. Dos relatos reais de crianças achadas nessa condição, temos: um menino-lobo achado em 1344, na região de Hesse, na Alemanha, citado pelo filósofo francês Jean-Jacques Rousseau no Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens; o russo Andrei Tolstyk, abandonado aos 3 meses e criado por cães, descoberto na Sibéria em 2004, aos 7 anos, andando de quatro, latindo e cheirando tudo o que via; Amala e Kamala de Midnapore, Índia, encontrada pelo reverendo Joseph Singh em 1920, ambas andavam de quatro e, antes de sair da caverna em que se escondiam, colocavam só a cabeça para fora e olhavam desconfiadas para os lados; e a menina lobo do Texas.
O filme dos anos 80, Um lobo em minha família, que apesar de ser uma animada comédia, retrata um animal behavorista, concepção que valoriza os experimentos com animais, cujo comportamento mais simples facilitaria a investigação e possibilita conclusões transponíveis para os seres humanos, levando em conta a aprendizagem, o que ocorre com Bobbo.
Bobbo tem atitudes de animal, por que viveu grande parte de sua vida nas montanhas com uma matilha de lobos perseguindo outros animais e latindo para a lua, na sua inserção no mundo da sociedade é necessário que adquira os hábitos culturais e de desenvolvimento requeridos para tornar-se membro e aceito por ela.
Tanto na vida real como nesta ficção, mesmo que não retratada de forma incisiva, está o fato de sobreviverem às condições adversas de frio, calor e, muitas vezes, do ataque dos animais e terem o árduo caminho de saírem da condição de selvagens e tornarem “civilizadas”, tendo sua condição de humana reconhecida.
Para os animais a atividade é instintiva e marcada pela satisfação de suas necessidades naturais - a de alimento, de autopreservação e sexual. O modo com que eles perceberem o mundo e relacionam com seus semelhantes seria determinada por suas características inatas, que o acompanhariam deste o nascimento. Já o ato do homem não depende tanto dos motivos biológicos, por poder controlar seu comportamento de maneira intencional, reprimindo e até mesmo contrariando suas necessidades básicas.
Outra diferença entre o homem e o animal se dá por meio da linguagem. O homem desenvolve habilidades que outras espécies não conseguiriam, sendo capaz de lidar com objetos do mundo exterior, analisar, abstrair e generalizar características, eventos e situações, fazendo com que se possa ordenar o real em categorias conceituais.
Para Bobbo que adquiriu as habilidades da necessidade básica dos lobos tem que re-adquirir a condição de homem, aprendendo a falar, andar e escrever, através de sua predisposição genética. Readquirindo a condição tolhida de sua condição humana através do desenvolvimento das habilidades de locomoção, alimentação, higiene, cultural e social.
Em sua readaptação Bobbo tem que criar laços com os outros seres humanos, aspecto de um relacionamento que existe na relação humana como cuidado, respeito, responsabilidade e entendimento entre os homens.
Todo o ser humano tem uma identidade que é o torna único, através da escolha do grupo em que se convive, familiar, amigos, trabalho, Bobbo não a tem como ser humano, tendo que forjar sua identidade em meio as armações de seu irmão e o desenvolvimento sócio-cognitivo que Penny tenta ensinar.
Penny trabalha com Bobbo, através de estimulação, os objetivos necessário para sua adaptação no seio de sua família e da sociedade em geral, andar, falar, tornar-se um ser sociável.
Um dos meios para alcançar esses objetivos é pela educação, uma vez que os indivíduos, de modo geral, precisam estar adaptados à sociedade. A educação forjaria o individuo a não ser regido só pelo subconsciente e sim pelo consciente, deixando o homem de agir pelo seu lado animal e agir pelo lado humano.
Bobbo age como um animal porque cresceu à margem da civilização, tudo que ele faz após ser achado por Penny, o faz pela primeira vez, deitar numa cama em vez do chão, vestir roupa, comer na mesa, ficar em pé, receber carinho, cada passo que dá é o primeiro para resgatar a condição de humano.
A historia de Bobbo poderia ter sido diferente caso não houvesse ficado nas montanhas e ter sido criado pelos lobos. Quando do nascimento da criança ocorre o processo da educação, onde toda a família empenha ao máximo para que a criança possa aprender a viver em sociedade, através de um processo continuo de aprendizagem, percebe o que pode e o que não pode fazer, lhe são transmitidos regras, valores e crenças, muitas vezes através de recompensa e castigo, podendo condicionar a criança aos valores sociais ou desenvolver seu potencial. Em Bobbo esse processo foi interrompido quando ficou entre os lobos.
A realidade de Bobbo é de uma criança que cresceu sozinha com animais, não possuindo atitudes humanas, repito que apesar de tratar de uma comédia humorística, que encaminha o telespectador para as risadas em situações hilárias, ocorre também uma percepção da condição de eventos reais, de crianças que cresceram realmente com animais, e nesse aspecto a análise psicológica da situação. A Bobbo resta a aprendizagem social transmitida por Penny.

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