Minha Neta,
Hoje, vejo dos autos anos que se passaram todo o mal que causei ... toda dor e sofrimento que passaram de geração em geração...
Fui um homem rude, grosseiro e áspero como a minha própria vida foi.
Me inquietou sua procura, seus apelos...
Como iria confessar o inconfessável? Como fazer você escutar as coisas horríveis e desprezíveis que fiz em vida? Como iria suporte seus olhos em meus olhos, novamente?
Será que você me entenderia? Mas que, besteira de um velho amargo, que morreu como viveu, na dor e na solidão.
Permiti que as primeiras verdades lhe fossem contadas... em vários fragmentos que logo se formaram imagens em sua cabeça, resta saber se você agüentará tudo o que seus ouvidos terão que ouvir.
Sei que apaguei todos os vestígios de minha passagem neste mundo, me fiz efêmero para fugir de mim mesmo e do que carrego em mim, talvez um dia e no dia em que tudo, você saber, possas me perdoar e me amar da mesma maneira que me vistes a primeira vez, em um retrato que foste enviado.
Sei que apaguei todos os vestígios de minha passagem neste mundo, me fiz efêmero para fugir de mim mesmo e do que carrego em mim, talvez um dia e no dia em que tudo, você saber, possas me perdoar e me amar da mesma maneira que me vistes a primeira vez, em um retrato que foste enviado.
Eu o assim sou ou assim me fiz, a você resta o quebra-cabeça de muitas peças, que talvez a última só encontre nos últimos dias de sua vida.
Michele Amoroso
Italiano da Província di Avellino, Regione Campania, filho de Rafaele Amoroso e Carmela (?), vivi e morri em Ribeirão Preto-SP, aonde estou sepultado no único cemitério da região com o nome de Miguel Amoroso. Casei com a italiana de Villadose, Província di Rovigo, Regione Veneto Elisa Cecchetto, filha de Antonio Cecchetto e Maria Dezani, tivemos Aurília – que se batizou como Aurea, Michele que virou Miguel, Amedeo, Savóia que odiava seu nome e se registrou como Odete, Sophia, Adelaide que casou com o Oscar Lohnhoff, Salette que virou Celeste e quando Savóia casou foi carregada junto para que não ficasse a minha mercê e Raphael, o Rafaele ou Luto como era chamada, não casou, viveu sua vida parca e solitária, trabalhou com o Oscar na Relojoaria, foi morto no Rio de Janeiro e seu corpo descoberto tardiamente.Tive uma serralheria onde uma de minhas filhas perdeu o dedo, próximo a minha casa onde certa vez na hora do jantar vendo que uma de minhas filhas havia cortada seus cabelos, por ser moda, furei-lhe as mãos com uma agulha. Nunca registrei filho algum e dei uma filha como morta por ter fugido para casar e se livrar de mim. Matei-me com um disparo não suportando ser cuidado e nem tratado com piedade, da qual nunca demostrei em quanto vida.
Italiano da Província di Avellino, Regione Campania, filho de Rafaele Amoroso e Carmela (?), vivi e morri em Ribeirão Preto-SP, aonde estou sepultado no único cemitério da região com o nome de Miguel Amoroso. Casei com a italiana de Villadose, Província di Rovigo, Regione Veneto Elisa Cecchetto, filha de Antonio Cecchetto e Maria Dezani, tivemos Aurília – que se batizou como Aurea, Michele que virou Miguel, Amedeo, Savóia que odiava seu nome e se registrou como Odete, Sophia, Adelaide que casou com o Oscar Lohnhoff, Salette que virou Celeste e quando Savóia casou foi carregada junto para que não ficasse a minha mercê e Raphael, o Rafaele ou Luto como era chamada, não casou, viveu sua vida parca e solitária, trabalhou com o Oscar na Relojoaria, foi morto no Rio de Janeiro e seu corpo descoberto tardiamente.Tive uma serralheria onde uma de minhas filhas perdeu o dedo, próximo a minha casa onde certa vez na hora do jantar vendo que uma de minhas filhas havia cortada seus cabelos, por ser moda, furei-lhe as mãos com uma agulha. Nunca registrei filho algum e dei uma filha como morta por ter fugido para casar e se livrar de mim. Matei-me com um disparo não suportando ser cuidado e nem tratado com piedade, da qual nunca demostrei em quanto vida.