11 de abr. de 2009

Dúvidas da Fé

Ontem, sexta-feira santa, o dia alusivo à crucificação de Cristo. Então, fui com toda a família a Igreja do Divino Espírito Santo, no CPA II.
Minha filha mais velha ficava fazendo várias perguntas sobre cada passo que era dado na celebração e, eu, na medida do possível e de meus parcos conhecimentos, respondia. Bem, tem alguns meses que era terminou a Catequese e realizou sua 1ª Comunhão, mais dá a impressão que não ensinam os ritos, que a principio só tem que ser repetido.
É comum ver várias pessoas realizando de forma automática os ritos de uma missa, sem saber ou entender cada parte.
Um dia também me fiz, e ainda faço, perguntas a respeito de cada coisa, de cada gesto, me reservo o direito de concordar ou não, de fazer ou não, não gosto de fazer as coisas porque os outros dizem que tem que ser feito, gosto de saber o significado. Um dos motivos que digo que a minha fé é só minha. Nasci e me criei na Igreja Católica e tenho amigos de todas as religiões e de religião nenhuma. Alguns conversamos sobre religião a outros não, porque respeito a decisão deles como gosto que respeitem a minha.
Mas voltando as perguntas que me fiz e fiz a algumas pessoas, fui presenteada com o livro “O que o povo pergunta?” do Pe. Artur Betti, por um amigo da Pastoral Carcerária, o Eudes. E é com esse livro que tirei algumas dúvidas, mesmo que para algumas perguntas ainda procure respostas...

Então vou ‘brincar’ de pergunta ao Pe. Artur Betti e ele me responderá através do livro. Então vamos lá...

Löhnhoff - Qual o sentido do sinal da cruz?
Pe. Arthur - 1º - Consagramos à Santíssima Trindade – Pai, Filho e Espírito Santo – toda a nossa vida, nosso trabalho, estudo, repouso e oração. Jamais professamos, com este gesto, a fé em um Jesus morto, como imaginam alguns, erroneamente.
2º - Lembramos, outrossim, no sinal da cruz, positivamente, a expressão máxima do amor infinito de Cristo, entregue por nós, desfazendo qualquer idéia falsa de um Cristo morto e derrotado, à moda pagã.
3º - Pedimos, igualmente, no sinal da cruz, que Deus nos livre de todos os maus pensamentos, das más palavras e dos maus desejos. E que, pela palavra do seu evangelho, nos abra a mente, os lábios e o coração para as boas ações.
Curiosidade: Conta-se que o famoso imperador romano Constantino (264-340 d.C.) teve esta visão, antes de uma batalha decisiva: viu, no céu, uma cruz, com a seguinte inscrição: “Com este sinal vencerás”. Adotou, então, a cruz como emblema de suas tropas e obteve a vitória.

L
- O beijo na cruz na sexta-feira Santa?
Pe. - Quando a mãe beija a fotografia da filha ausente, não estará beijando apenas um pedaço de papel, o que seria loucura; mas, por esse gesto e por meio da imagem fotografada, estará em união espiritual e afetiva com a pessoa querida, fisicamente distante.
O beijo na cruz nos lembra, então, mais profundamente, o quanto Cristo realmente sofreu, cheio de amor por nós, por causa de nossos pegados, e o quanto lhe devemos ser gratos.

L - Por que foi chamada a Igreja de “Romana”?
Pe. - Porque começou a criar corpo, a desenvolver-se em Roma, no tempo da perseguição aos cristãos, provando milhares de mortes, entre elas as de Paulo e de Pedro e de outros mártires, passando assim a Igreja a ser chamada de Romana. Além disso, o Papa trabalha e vive lá, onde então também as relíquias dos grandes apóstolos, sobretudo de Pedro, a pedra. Foi a partir de Roma, de fato, que a Igreja cresceu e se expandiu, passando a ser chamada de “Romana”.

L – E porque Católica?
Pe. – Cristo conferiu-lhe, sim, o conteúdo católico, ou seja universal, compreendido pelas palavras bíblicas: “Sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra” (At 1,8). “Ide, pois, ensinais a todas as nações, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19). Portanto, está bastante evidenciada a expressão “Católica” na palavra de Deus, que quer dizer “universal”. Foi usada no inicio do cristianismo, por Santo Inácio de Antioquia, escrevendo “à Igreja de Esmirna” (Ap 2,8), por volta do ano 110: “Onde quer que se apresente o bispo, ali esteja a comunidade; assim como a presença de Cristo Jesus também (o bispo) nos assegura a presença da Igreja Católica...” (Carta de Santo Inácio de Antioquia aos esmirnense 8,20; Fontes da Catequese/2, pág. 81; Vozes, 1970).

L – Qual o sentido da bênção papal?
Pe. – “O Senhor teu Deus os escolheu para abençoarem em nome do Senhor” (Dt 21,5); “Abençoarei os que te abençoarem, amaldiçoarei os que te amaldiçoarem” (Gn 12,3); “A salvação vem do Senhor sobre o teu povo seja a tua bênção” (Sl 3,8); “para que a bênção de Abrão chegasse aos gentios por Jesus Cristo, e para que pela fé nós recebamos a promessa do Espírito” (Gl 3,14). O Papa, ao dar a bênção, no Vaticano ou a visitar uma nação, o faz com o sentido da parábola do semeador, cujas sementes caíram em diversos terrenos (Mt 13, 1-23).

L – O que são imagens como as de Maria, comumente chamadas de Nossa Senhora?
Pe. – Imagem, segundo a própria palavra (terminologia) está dizendo, é objeto que faz lembrar alguém, alguma coisa mais longe dela mesma. A imagem sacra recorda uma pessoa santa, alguém que viveu a fé. Nunca a imagem é um ser em si mesmo (aí deixaria de ser imagem, passaria a ser realidade). Eis algumas imagens que Deus mandou fazer: “Farás também dois querubins de ouro: de ouro batido os farás, nas duas extremidades do propiciatório. Farás um querubim na extremidade duma parte; e o outro querubim na extremidade da outra parte: de uma só peça com o propiciatório fareis os querubins nas duas extremidades dele. Os querubins estenderão as suas asas por cima, cobrindo com as suas asas o propiciatório” (Ex 25, 18-20). “E nas placas de pedras e nas suas colunas de pedras fez querubins, leões e palmas, e no espaço de cada placa grinaldas em redor” (1Rs 7,36). “Moisés fez, pois, uma serpente de bronze e fixou-a sobre um poste. Se alguém era mordido por uma serpente se olhasse para a serpente de bronze era salvo” (Nm 21, 8-9). Realmente, a Igreja aprendeu de Deus e copiou da Bíblia o hábito de fazer imagens de anjos ou de santos. São, assim, simples representações para lembrar alguém fora delas, além delas. O homem também foi feito à imagem e semelhança de Deus, sem passar por ídolo ou falso Deus (Gn 1,26; Gn 9,6).

L - Qual o sentido dos padrinhos no batismo católico?
Pe. – No inicio do cristianismo, para alguém ser batizado, exigiam-se testemunhas para comprovar a boa vivência da família, fé familiar. Essas testemunhas passaram a ser padrinhos, como um maior grau de responsabilidade junto do afilhado. Padrinho deve ser uma pessoa com boa base cristã, para servir de exemplo ao recém-batizado. Eles são benfeitores, na oração pelos afilhados, animando-os e ajudando-os.

L – Me faça uma explanação da oração da “Ave Maria”?
Pe. – Em sua primeira parte, ela se inicia com a saudação do anjo Gabriel e se conclui com a exclamação de Isabel. Já, a segunda parte, é de origem eclesial, expressando um verdadeiro espírito bíblico. Vejamos: “Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo” (Lc 1,28); “Bendita és tu entre as mulheres e bendito o fruto do teu ventre” (Lc 1,42). Quando uma mulher dá à luz, ela não gera a alma da criança; mesmo assim, nós a chamamos de mão do bebê todo, e não só do seu corpo, da sua carne. Maria, da mesma forma, dando natureza humana à natureza divina de Jesus, que é Deus, torna-se a mãe da pessoa de Jesus Cristo, na plenitude de seu ser humano e divino. A recitação do Terço do Rosário, valiosíssima prática da piedade católica, no desfiar das Ave-Marias, remete-nos continuamente à Bíblia, da qual brotam todos os mistérios da vida e da obra salvífica do Cristo Jesus: nascimento, vida, morte e ressurreição, meditados ao longo de todo o Rosário.

L – Já que estamos na Páscoa, porque ela muda de data?
Pe. – A páscoa muda de data porque os judeus a festejavam, e a festejam ainda hoje, sempre na primeira lua-cheia depois do dia 21 de março. E a lua muda. Também nesta época se comemorava o inicio do mês de Nisã para os judeus, com a festa dos agricultores. Jesus, que era judeu, seguia o mesmo costume: celebrou a “ceia pascoal” (Lc 22,15); morreu na “preparação da páscoa” (Jo 19,31) e ressuscitou no domingo seguinte, que veio a constituir na Páscoa dos cristãos. Se a primeira lua cheia, depois do dia 21 de março, acontecer logo em seguida ao dia 21, a Páscoa acontecerá cedo, tanto para os judeus como para os cristãos, ao contrário, se for mais tarde, tardará para ambos a festa.

(Fonte: Betti, Artur. O que o povo pergunta; ilustrador José Valmeci de Souza. Petrópolis, RJ: Vozes, 1993.)

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