24 de set. de 2009

Independência ou Morte


Psicologia da Educação: Família e Escola

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
DEPARTAMENTO DE HISTORIA



PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO: FAMÍLIA E ESCOLA



Trabalho realizado para a conclusão parcial da disciplina de Psicologia da Educação, da graduação em bacharelado e licenciatura em História, ministrada pela profª. Daniela Piloni.


Davi Henrique Oliveira da Silva
Débora Cristina dos Santos Ferreira
Kelly Lohnhoff de Souza
Natalha Muriel Barbosa Comparini



Cuiabá-MT
Jul/2009
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A FAMÍLIA

Se há alguns anos existia um modelo ideal de família, hoje ela se transformou em variações indeterminadas. Em outros períodos a família consistia em pai, mãe e filhos, os outros tipos de família eram tidos como desestruturados, desorganizados e problemáticos, uma concepção visivelmente moralista. O modelo familiar se tornou plural, podendo ser constituída por cônjuges que já tiveram outros relacionamentos e destes trazem os filhos, por mães que chefiam a família, por pai solteiro, casais homossexuais e assim por diante.
A família tem a função social de garantir “a manutenção da propriedade privada e seu status quo das camadas superiores e reprodução da fonte de trabalho”. A família é a grande responsável por transmitir os valores da cultura em que vive, das suas idéias predominantes, educando, assim, seus filhos seguindo os padrões determinados pela sociedade. A família tem a função social conservadora e de manutenção social. (BOCK, 1993, p. 248)
Tem o papel de suprir as necessidades físicas e psicológicas da criança, os primeiros ensinamentos são dados pela família, sendo ela o primeiro grupo de mediação entre seu filho e a sociedade, lhe transmitindo os elementos necessários para a adaptação à cultura a que são submetidos. Na ausência de sua família biológica, deve ser substituída, ou por outra família ou por uma instituição competente.
Outras instituições têm passado a serem responsáveis pelos papeis desempenhados pelos pais, através de várias mudanças culturais vêm tendo grandes efeitos na vida familiar, entre elas podemos destacar a entrada da mulher no mercado de trabalho, ela que antes somente cumpria a função de mãe, se torna trabalhadora, deixando os filhos cada vez mais cedo em instituições educacionais. Outra transformação cultural que surtiu grande efeito no ambiente familiar, os meios de comunicação têm cumprido o papel educacional.
Em suma, para Lacan, a família deve desempenhar o papel de transmissão cultural, sendo essencialmente importante na primeira educação, propiciando os processos básicos do desenvolvimento psíquico.
Na primeira educação os pais são de grande importância, já que para a criança são os modelos ideais de adultos, homem e mulher, de comportamento e de interação social. A família neste período também é responsável pelo controle da conduta de seus filhos, sendo que as crianças dependem dela para a sobrevivência e desenvolvimento físico e psicológico. Outro fator importante para o controle é a ligação afetiva estabelecida entre os pais e filhos. Para a autora a família seria o alicerce da construção da conduta da criança.
A família desempenha o papel de repressão do desejo da criança, já que ao nascer ela está em um momento em que não existe a diferenciação entre o eu e o outro. Ao longo de seus primeiros dias ela consegue entender que a um “outro” e ela, a relação de dependência com a mãe a faz enxergar isso.
A diferenciação do ego, então é “um processo em que, ao principio do prazer, interpola-se o principio da realidade, isto é, surgem os limites impostos pela realidade.” Para conseguir o que quer a criança deve esperar, às vezes se substitui por outro objeto de satisfação, mas também pode ocorrer a frustração, esta é algo constitutivo da natureza humana. (BOCK, 1993, p. 252)
A utilização da interdição, uma lei social que se fundamenta na subjetividade ao reprimir o desejo da criança, é feita pelos pais, desejos estes inconscientes e a sua censura à marca. Além da repressão sexual, comportamentos hostis também sofrem censura.
Mais do que reprimir, a família tem o papel de ensinar, como é o caso da linguagem. Imprescindível para a comunicação com os outros indivíduos e compreensão da realidade – entre o censurado e o aceito – é a marca da entrada da criança para o mundo, atribuindo significados aos objetos e palavras. A função da família é, então, o ambiente onde acontece a aprendizagem da linguagem.
Entre as outras implicações dos pais estão a regulação da relação entre irmãos, esta é completamente dualista sendo que se sente amor e ódio pelo individuo que convive.
A ligação entre pais e filhos é outro aspecto importante para o desenvolvimento e crescimento da criança, essa ligação compreende os laços afetivos, biológicos e sociais, sendo um destes, deficiente pode comprometer a criança. A deficiência dos laços afetivos pode tornar a criança vulnerável a doenças e problemas psicológicos, esta ligação é uma via de mão dupla onde os pais e os filhos são dependentes uns dos outros.
Outro aspecto que deve ser levado em conta em relação à família é a proteção muitas vezes inexistente, já que é em seu seio que, muitas vezes, a criança sofre as primeiras agressões, sejam elas físicas, morais ou sexuais. Vale ressaltar que essas violências não são atuais ou frutos de uma determinada classe.

A ESCOLA

A escola, do modo que a conhecemos hoje, é, talvez, a mais importante instituição social criada pelo homem, pois através dela é que a criança começa a ter consciência e autonomia sobre seu pertencimento a uma sociedade.
Entretanto, a escola nem sempre foi assim. Apenas a partir da Idade Média foi que se constituiu enquanto instituição propagadora de ensino não hereditário, e somente com a Revolução Industrial, através das lutas da classe trabalhadora por cultura e conhecimentos dominantes, deixou de ser instrumento único dos nobres, sendo universalizada.
A Revolução Industrial, aliás, alterou a constituição familiar. Isto porque, com o advento das máquinas, as mulheres começaram a ser recrutadas para o mercado de trabalho, e, assim, os filhos deixaram de receber educação em suas próprias casas. Desta forma, as escolas ganharam mais importância e ampliaram suas funções.
Todos estes fatores colaboraram para que a escola desempenhasse o papel social que tem hoje, preparando a criança para o mundo adulto, e atuando como mediadora entre ela e a sociedade técnica e social.
A escola, todavia, na sua missão de formar indivíduos para a sociedade, enfrenta dois grandes problemas: um de nível teórico, ligado ao afastamento da criança em relação à sociedade, e outro de nível prático, quanto ao cotidiano da educação.
Criada e sustentada pela sociedade, a escola, nas teorias pedagógicas, são pensadas atualmente como uma instituição isolada, ensinando um conhecimento distante da realidade social, que, no entanto, é sempre latente. Desta forma, a escola reproduz um saber que dificulta questionamentos, por ser universal, além de formar um modelo de homem que é passivo perante seu meio social.
Outro problema enfrentado pela escola é a forma como concebe e lida com o saber, pois ou ensina as respostas aos alunos sem ter feito perguntas a eles, ou estimula perguntas sem dar importância para as respostas. Além disso, ao colocar a necessidade de cultura para que um indivíduo possa exercer alguma função social, e qualificar diplomas como comprovadores de cultura, a escola mente, pois mascara que o grau de cultura adquirido é oriundo de seu lugar social.
A escola como instituição social, estabeleceu um vínculo ambíguo com a sociedade, porque trabalha para ela, formando os indivíduos para a manutenção da sociedade e tem a tarefa de zelar pelo desenvolvimento da sociedade, criando indivíduos hábeis a produzir riquezas, criação, invenção, transformação. Nesse contexto, os autores dizem que a escola, não pode ficar presa ao passado e deve abrir-se para o surgimento de uma escola crítica e inovadora, que esteja articulada com a vida social.
A nos futuros educadores que teremos o dever de ensinar e estimular os alunos a perguntar, valorizando as respostas, também termos pela frente:
- O vínculo professor-aluno – como o aluno vê o professor e como o professor enxerga o aluno;
- A seriedade do espaço da sala de aula – cada vez mais carrancuda;
- A realidade do mundo em que vive – o hoje não é passado em aula;
- As regras morais – ao aluno ser obediente e submeter-se, ao professor ordenar e punir;
- A utilidade do conteúdo – o conteúdo é distante da vida do aluno;
- Evasão escolar – a escola precisa ser para o aluno;
- Universalização da escola – não levam em conta as diferenças sociais.
Para os autores é na escola que formulamos grande parte das respostas incluindo as perguntas necessárias à compreensão das nossas vidas, da sociedade e do cotidiano. E para isso ela precisa ser transformada, e nisso constitui um desafio, que não tem a haver com o seu fim, mas com a maneira de relacionar-se com os indivíduos que convivem em seu meio.
A escola precisa articular o conteúdo a vida dos indivíduos, percebendo que o conhecimento acumulado da humanidade não é intocável, ele esta sempre se renovando e se reconstruindo. Da mesma forma os professores e os alunos devem manter um dialogo, como parceiros no processo educacional, onde o hoje deva ser um dos objetos a serem inseridos no dialogo.


BIBLIOGRAFIA

BOCK, Ana M. Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lourdes T. Psicologias: uma introdução ao estudo da psicologia. 5 ed. São Paulo/ Rio de Janeiro: Saraiva, 1993. (p. 247-275).

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